Criatividade: uma conversa no elevador

Criatividade: uma conversa no elevador

Um dia desses, o segurança do prédio da agência me disse: você parece cansada. Respondi: estou passando por problemas pessoais e isso tem me deixado triste. Esse pequeno fato é um exemplo pra mim de duas coisas: não tem como conversar desconversando, e se você não quer ser mais um no elevador dizendo que “é, tá corrido”, para mostrar algo autêntico, vai ser preciso se abrir.

Toda vez que recebo um trabalho, tenho a opção de responder que “é, tá corrido”, fazer o que todo mundo faria ou bem parecido, e, sem correr nenhum risco, encerrar a “provocação”, o “incômodo”.

Ou eu posso pensar de verdade sobre a pergunta que foi feita, numa resposta genuína, e me abrir.

E essa é a parte mais difícil. Escolher se abrir e aparecer com uma resposta diferente da conhecida, que pode causar qualquer tipo de reação, e que vai conduzir a situação para um caminho qual não sei, quando é facilmente possível evitar esse confronto.

Porém, se quisermos participar da conversa ou fazer com que os nossos clientes participem da conversa de forma relevante, não tem outro jeito.

Por isso, mais do que referências, cursos e técnica, para mim, criatividade tem a ver com se abrir e aparecer com respostas próprias. E, nesse sentido, eu diria que o melhor exercício para a criatividade é reagir assim diante da vida.

Temos medo de ser rejeitados, ridicularizados ou ignorados quando expomos os nossos sentimentos. Do mesmo jeito, temos receio de ser tudo isso e ainda ineficientes com as nossas respostas autênticas em formato de ideias e projetos.

Mas se a gente não se arriscar, a nossa vida inteira será esse diálogo automático do qual na hora seguinte não lembramos e repetimos sem parar para pensar.

A forma que a gente vive o dia a dia nos prepara para os desafios na agência, e eu diria que vice-versa. Portanto, se você quer ser um criativo melhor, o meu humilde conselho, hoje, é: se abra.

Escreva cartas, faça desenhos, crie coisas para as pessoas que fazem parte da sua vida. Ao invés de “feliz aniversário e tudo de bom”, pense sobre as pequenas coisas mais legais, que as fazem importante pra você ou te conectam com elas.

Quando eu era pequena, eu gostava muito de ouvir o tic tac de um relógio de pulso da minha mãe. Ela então me deitava no seu colo e colava o reloginho no meu ouvido, pra que eu ficasse, com os olhos nos seus olhos, escutando.

É esse o tipo de lembrança que eu amo sobre ela, e os detalhes sobre os quais a gente poderia escrever mais.

Primeiro, porque pode ser mais gostoso viver assim, e em segundo, porque esse treino possivelmente irá te ajudar quando tiver que escrever criativamente sobre mais uma empresa de tecnologia ou encontrar uma boa história. O que ela tem, que só ela tem?

Converse também sobre os seus problemas e sentimentos. Que, no fundo, são coisas tão mais interessantes do que “assuntos blindados” como o que você comeu hoje ou o novo episódio daquela série.

Compartilhe com os outros quem é você e os seus pensamentos: as suas criações íntimas.

Não tenha receio de experimentar a sensação de dizer que não conhece alguma coisa.

E muito melhor que tudo isso: ignore o que eu estou dizendo e faça do seu jeito. Encontre suas respostas próprias.

Quando recebi o convite do meu querido chefe, Rodrigo, para escrever esse texto, eu poderia ter seguido o caminho mais seguro, falar de dados, tendências, coisas embasadas que eu inclusive domino mais do que essas palavras não antes programadas, e que me poupariam do risco de ser julgada.  

Mas cultivar a coragem de se expor é o nosso jeito de viver aqui na Mantra. E a gente não quer ser só mais um no elevador dizendo que “é, tá corrido”.


Agência Mantra | Juliana Soares | Criação

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