De posts a movimentos: a nova era dos influenciadores

Ao longo da minha trajetória, percebi que muita gente ainda enxerga influenciadores como simples canais de mídia: paga-se por um post, corta-se o cheque, espera o alcance e pronto. Mas esse modelo está obsoleto. Hoje, os influenciadores não fazem mais posts, eles criam movimentos. São influenciadores estratégicos. E movimentos nascem da colaboração real, da cocriação autêntica e estratégica.

1- O diagnóstico do mercado: ainda presos ao velho modelo

Não é incomum que marcas tratem creators como executores de um roteiro inflexível. Segundo o Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil (2025), 41% dos creators relatam que não têm liberdade criativa nas parcerias, ou só a exercem em alguns projetos. Apenas 59% afirmam ter alguma liberdade em campanhas.

Isso revela que, apesar do discurso empoderador, muitas marcas seguem cegas ao valor da autenticidade e isso drena impacto e fidelidade.

2- Por que cocriação importa, além do “simples post”

Cocriação não é anarquia, nem ausência de briefing, mas uma estratégia colaborativa com propósito. Trata-se de:

  • Trazer o creator para a mesa desde o início, como cocriador, não apenas executor.
  • Construir movimentos autênticos, não apenas engajamento instantâneo.
  • Gerar valor de longo prazo, e não curtidas passageiras.


    Marcas que têm investido nisso colhem resultados reais.

    Exemplos inspiradores com creators no Brasil que traduzem bem a cocriação estratégica:

    A. Club Social + Trope: formando creators desde a raiz

    A marca Club Social, em parceria com a Trope, criou uma iniciativa voltada à profissionalização de novos talentos da creator economy. O projeto selecionou influenciadores ligados à cultura urbana e os apoiou desde o início da carreira, fomentando uma relação autêntica e geradora de valor para o nicho e não apenas publicidade pontual, mais uma vez, influenciadores estratégicos.

    Meu olhar: Esse é um exemplo de cocriação que começa do zero, desenvolvendo creators e, ao mesmo tempo, posicionando a marca como catalisadora de transformação cultural.

    B. iFood + Instituto Kondzilla: cocriando com propósito

    O iFood fez uma parceria com o Instituto Kondzilla para lançar a “Escola de Criadores”, um programa de capacitação voltado para jovens periféricos que desejam trabalhar com criação de conteúdo. Além de oferecer bolsa-auxílio, o projeto traduz o compromisso do iFood com impacto social e com o fortalecimento da economia criativa local.

    Meu olhar: Não é só marketing, é transformação. Esse tipo de cocriação alinha marca, creator e sociedade.

    C. Bubbaloo (Mondelez) + creators: cocriar gera insights reais

    A Mondelez, com sua marca Bubbaloo, organizou dinâmicas presenciais com creators para extrair insights sobre a Geração Z e construir estratégias comerciais mais alinhadas às suas percepções e comportamentos. Um caso claro de como creators não são meros canais, mas protagonistas no desenvolvimento de soluções.

    Meu olhar: Colocar creators na mesa de estratégia é abrir mão de controle rígido e ganhar relevância no plano de ideias.

    D. Reserva + Marcela ABC: moda com essência

    A Reserva lançou uma coleção de verão com a influenciadora Marcela ABC, e a campanha gerou 1,8 milhão de visualizações e aumento de 65% nas vendas.

    Meu olhar: Aqui há sintonia entre look e linguagem do creator. O resultado sai do trivial e se conecta genuinamente com o público.

    E. C&A + Gabi Mello: moda sustentável com voz autêntica

    A parceria colocou Gabi Mello no protagonismo de uma coleção sustentável, gerando 3,2 milhões de impressões e 42% mais engajamento que a média do setor.

    Meu olhar: Alinhar valores (como sustentabilidade) com creators que realmente falam a mesma linguagem fortalece a marca no longo prazo.

    F. Renner + Bruna Venturini: e-commerce com relevância

    Para lançar seu e-commerce, a Renner contou com Bruna Venturini para uma ação integrada entre Instagram e TikTok, resultando em aumento de 78% no tráfego do site.

    Meu olhar: Um case que combina canais certos, formato certo e creator certo e entrega mais do que visibilidade: traz conversão.

    3- O que tudo isso tem a ver com o manifesto da Mantra

      No manifesto da Mantra está a essência de tudo isso que trago:
      “Na Mantra, não acreditamos em campanhas de um único momento. Cocriação com creators é sobre criar algo que vai durar e gerar valor a longo prazo. Não estamos interessados em um ‘simples post’. Estamos aqui para criar movimentos.”

      Esse é o ponto central do meu olhar: cocriação não é apenas boa estratégia, é um movimento profundo que reconfigura a relação entre marca e audiência.

      4- Como isso se aplica no dia a dia da Mantra — minha visão

        Diagnóstico e estratégia conjunta

        Ao iniciar um projeto, eu converso com o creator como parte do time. Que problemas reais estamos resolvendo? Que narrativa queremos construir? Qual formato ressoa com sua comunidade?

        Liberdade criativa com propósito

        O briefing existe — claro —, mas surge como ponto de partida: metas, público e valores centrais. E aí deixamos os creators trabalhar sua linguagem, testar, cocriar.

        Construção de movimentos, não posts

        Em vez de sequência de publicações, planejamos ciclos de conteúdo — lives, séries, colabs — que criem construção de significado, pertencimento e continuidade.

        Métricas além das vaidades

        Mais do que curtidas, focamos em engajamento qualitativo, awareness, conversão e advocacy. Como a comunidade fala da marca?

        • Facebook
        • Twitter
        • Google+
        • LinkedIn

        Acompanhamento em tempo real

        Cocriação é dinâmica: monitoramos, ajustamos com o criador, aprendemos e implementamos juntos.

        5- Conectando com autenticidade

          Como profissional, sei o quanto a cocriação exige coragem, sair da zona de conforto é difícil. Mas acredito que as marcas que resistem a esse passo ficam perdidas em um cenário que já privilegiou o “pago, posta, some”.

          Se você sente o mesmo, a Mantra está pronta para cocriar movimentos, não apenas materiais de mídia.

          Estou aqui para te provocar: 

          Você está criando junto ou apenas pagando? 

          A partir do meu olhar, dizer que somos especialistas em cocriar não é slogan, é caminho. Vamos juntos parar de pensar em influenciadores como mídia e começar a pensar em influenciadores como cocriadores de valor, marca e legado.

          E então, o que aprendemos?

          Cocriação estratégica exige:

          • Confiança nos creators
          • Liberdade alinhada com propósito
          • Intenção em gerar valor, não só conteúdo
          • Escolha de parceiros cuja linguagem e valores façam sentido com a marca

          São esses os movimentos que constroem legados e esse é o olhar que quero trazer para esse artigo.

          ——

          Rodrigo Dubois é CEO da Agência Mantra, onde lidera projetos que unem criatividade e estratégia para impulsionar marcas no ambiente digital. Com mais de uma década de experiência em marketing e desenvolvimento de negócios, ajuda empresas a alcançarem seus objetivos através de soluções personalizadas e inovadoras.​

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