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Roleplaying

Desde criança eu sempre gostei da ideia de brincar de faz de conta. Fingir que sou um cavaleiro matando monstros e coisas do gênero. Na escola eu participei de iniciativas de teatro e atuação, e, depois de grande, fui introduzido ao RPG. Pra quem não conhece, é um jogo em que você tem um personagem que vive um universo fantástico descrito por livros e construído dentro de nossas cabeças. Toda essa atividade se tornou um passatempo para mim, algo que gosto até hoje. Porém, não passava disso: uma forma de esfriar a cabeça após as fatigantes horas da faculdade. Tendo ingressado no mercado publicitário, na posição de Community Manager, eu então tive minha eureka: cuidar de uma marca pode ser como um RPG!

No trabalho de um profissional responsável por gerenciar comunidades em redes sociais há um momento em que é necessário interpretar a marca. Como seu cliente se comportaria com uma reclamação? E com um elogio? Neste comentário seremos firmes, ou usaremos uma linguagem mais leve? Com quem você está falando? O que os consumidores esperam da marca e, consequentemente, de você? Essas são perguntas que um planner normalmente faria em uma reunião de definição de tom de voz, ou que um Community Manager faria ao se deparar com um cenário inédito do seu cotidiano pilotando um Facebook ou Instagram. E estas questões são extremamente semelhantes àquelas propostas em uma sessão de Dungeons & Dragons ou Shadowrun, por exemplo.

Não importa se é em meio ao ciberespaço ou em um imaginário campo de batalha com dragões e heróis, é necessário entender o que o outro quer dizer, o que ele sente e a partir daí iniciar uma conversa, sabendo quais palavras e tom utilizar. Isso é interpretar. Inclusive, em uma de suas aulas de atuação online, Samuel L. Jackson (de Vingadores, Star Wars e outros filmes que eu amo) fala sobre  como é importante conhecer a trajetória, os ideais, as vontades, os desejos, os medos e as capacidades, para que, no momento em que você precisar fazer sua fala, a entregue com verossimilhança. No RPG, você tem uma ficha lhe dizendo tudo isso e um narrador apresentando uma cena para que você possa agir. Nas redes sociais, há todo o estudo de planejamento criado pela equipe para te guiar, palavras chave, “Do’s and Don’ts”, e o consumidor esperando por suas palavras.

De brincadeira inocente, para hobby, para ferramenta de trabalho. É isso que nos torna profissionais: adaptar aquilo que nos é inerente e expressar esse talento no nosso dia a dia.

Por Gabriel Manari

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